Koisas de Ka

Enquanto algumas jogam seus bebês em lagoas, bueiros, beiras de estradas e qualquer lugar que não seja um berço quentinho ou um colinho que só os bebês sabem o quanto é bom e importante, outras lutam na justiça pra conseguir o prazer de ser chamada de mãe, outras gastam rios de dinheiro pra conseguir uma fertilização.

Segue meu poema, sobre valorizar a vida, onde ao longo dos tempos vamos vendo casos de pessoas comuns nos noticiários, mas super pessoas:

Eu não pedi.

Eu não pedi pra não ter a virtude de gerar, mas Deus me deu a capacidade de ser mãe de muitos que necessitam de minha ajuda, seja como professora de muitos, seja médica pra tomar os cuidados com aqueles abandonados que muitas mães não tiveram. (Mãe Estéril)

Não pedi força física pra me defender das pessoas brutas, mas Deus me deu a capacidade de ser forte o suficiente pra levantar cedo, mesmo que o sol não tenha ainda brilhado, organizar sua casa e ainda ter tempo para as minhas coisas, mesmo que o dia pra mim seja também de 24 horas. (Empregada Doméstica).

Não pedi pra ser eterno, mas Deus me deu coragem para salvar vidas, arriscando a minha na maioria das vezes por você, mesmo que mais tarde, o mesmo “você” que salvei possa me machucar fisicamente ou até tirar a minha vida. (Salva-Vidas, Bombeiros e Policiais de verdade).

Eu não pedi pra sofrer preconceito, mas Deus além de ter me dado a vida de presente como pra todos, deu a muitos de minha raça o dom de cantar e tocar corações com nossa voz. (Negros)

Eu não pedi pra perder a vida em um acidente de carro, e nem eu pedi pra perder a vida com uma bala perdida, mas Deus nos deu uma juventude linda, vivida ao máximo e com todas as forças, pra que você aprenda com nossas vidas, e pra que saiba que usar armas e dirigir bêbado acabam com o coração de muitas famílias. (Ana Clara – morta no Rio de Janeiro em um acidente de carro em Setembro de 2006 e Ana Paula – atingida por uma bala em São Paulo em Julho de 2007)

Não pedi para ser cego, mas Deus me deu uma audição aguçada, posso reconhecer a sua voz mesmo nunca tendo visto seu rosto. (Cego)

Eu não pedi pra estar numa cadeira de rodas, mas Deus me deu braços e ombros fortes em função do meu esforço, onde cabem abraços enormes quando você precisar. (Cadeirante)

Eu não pedi para falar um pouco mais lento e ver que muitos me olham torto, mas Deus me deu um coração tão bom, tão carinhoso que você pode ter em mim um ótimo professor sobre o amor. (Portador de Síndrome de Dawn)

Eu não pedi para ser pobre, mas Deus me deu criatividade suficiente para improvisar e batalhar pelo meu sustento. (Milhões de Brasileiros)

Eu não pedi pra mudar o mundo, mudar a cabeça das pessoas, mas Deus me deu a arte de escrever, um dom e a oportunidade de saber escrever, mesmo que seja simples pra que eu tente tocar fundo sua mente. (Karen Cordeiro)

Autoria: Karen Cordeiro (15 de Julho - São Paulo / SP)

Sempre que for utilizar o texto de alguém, dê os direitos autorais.

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